As lontras são mamíferos semiaquáticos pertencentes à família dos mustelídeos, a mesma de animais como furões, texugos e doninhas. Vivem em rios, lagos e até em ambientes marinhos, dependendo da espécie. Há 13 delas conhecidas no mundo, e duas ocorrem no Brasil: a lontra-neotropical (Lontra longicaudis), que habita a maior parte do território nacional, e a ariranha (Pteronura brasiliensis), que vive principalmente na Amazônia e no Pantanal.
Em vídeos nas redes sociais, esses animais vêm chamando atenção por causa de sua aparência fofa, hábitos brincalhões e comportamentos surpreendentes, como dormir de mãos dadas ou usar pedras como ferramentas. No entanto, por trás dessas cenas encantadoras, há uma complexidade biológica e comportamental fascinante.
Abaixo, confira algumas curiosidades interessantes sobre as lontras!
As lontras-marinhas, encontradas no litoral do Pacífico norte-americano, têm o hábito de dormir boiando de barriga para cima. Para evitar que sejam levadas pelas correntes durante o sono, elas costumam dar as patas umas às outras, formando uma espécie de “corrente de mãos”. Também é comum que se enrolem em algas marinhas para se manterem fixas.
As lontras fazem parte do seleto grupo de animais não-humanos que utilizam ferramentas. Elas usam pedras para quebrar conchas, ouriços e outros animais de casca dura. Algumas lontras-marinhas, por exemplo, carregam uma “pedra favorita” em uma bolsa de pele sob o braço. Essa habilidade demonstra um nível elevado de inteligência, memória e coordenação motora, além de ser essencial para a alimentação em ambientes marinhos.
Diferente de outros mamíferos aquáticos que contam com uma grossa camada de gordura, as lontras dependem de sua pelagem para se manter aquecidas. Nas lontras-marinhas, pode haver até um milhão de fios por centímetro quadrado, sendo considerada a mais densa entre todos os mamíferos. Esse pelo denso cria uma camada de ar próxima à pele, que funciona como isolante térmico. Por isso, elas passam horas por dia limpando e alinhando os pelos para manter essa proteção.
Embora a estrutura social varie conforme a espécie, muitas lontras formam grupos familiares organizados, com cooperação nas atividades diárias. A ariranha, por exemplo, vive em grupos que podem ultrapassar 10 indivíduos. Elas dividem tarefas como caçar, cuidar dos filhotes e patrulhar o território. Isso aumenta as chances de sobrevivência e fortalece a transmissão de comportamentos aprendidos.
Nativa da América do Sul, a ariranha pode atingir até 1,8 metro de comprimento e pesar mais de 30 quilos. Também é conhecida como “lontra gigante” e se destaca por seu comportamento comunicativo, corpo robusto e habilidade de caça em grupo. Infelizmente, é uma espécie ameaçada de extinção devido à destruição do habitat, contaminação dos rios e conflitos com pescadores.
As lontras são animais extremamente vocais e utilizam uma ampla variedade de sons para se comunicar. Emitem gritos, assobios, grunhidos e até estalos, dependendo da situação. Eles podem indicar alerta, pedido de ajuda, brincadeira ou aviso de território. Nas espécies sociais, como a ariranha, a comunicação vocal é fundamental para manter a coesão do grupo e coordenar atividades coletivas como a caça.
As lontras são adaptadas à vida aquática, com corpos longos e flexíveis, patas com membranas entre os dedos e caudas fortes que funcionam como lemes. São nadadoras ágeis, capazes de perseguir peixes e crustáceos com facilidade. Algumas espécies conseguem mergulhar por até 8 minutos e usar o ambiente subaquático com extrema destreza.
As lontras são predadores de topo em muitos ambientes aquáticos e ajudam a manter o equilíbrio ecológico, controlando populações de peixes, crustáceos e outros organismos. A ausência desses animais pode gerar desequilíbrios na cadeia alimentar e na saúde dos ecossistemas. Além disso, como são sensíveis à poluição e à degradação ambiental, servem como indicadores da qualidade da água.
A maternidade entre as lontras é marcada por dedicação intensa. As fêmeas constroem ninhos e cuidam dos filhos desde o nascimento até que aprendam a nadar, caçar e se proteger. Nas lontras-marinhas, a mãe carrega o filhote nas costas por semanas. Em espécies como a ariranha, o grupo inteiro ajuda a proteger os pequenos. Esse cuidado prolongado contribui para o aprendizado e a sobrevivência dos filhotes.
Apesar de sua importância ecológica, várias espécies de lontras estão ameaçadas de extinção. Os principais perigos incluem a poluição dos rios, desmatamento, pesca predatória e caça ilegal. A ariranha, por exemplo, está na lista de espécies ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). Preservar as lontras exige esforços de conservação, proteção de habitats e conscientização da população sobre a importância desses animais.
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